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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Fobias

O “medo” é a resposta normal a um perigo genuíno. Em qualquer tipo de fobias está presente o medo, embora irracional ou excessivo. Representa-se por uma resposta anormal, temível, a um perigo que é imaginado ou exageradamente irracional. As pessoas podem desenvolver reacções de fobia a animais (exemplo, aranhas), actividades (ex., andar de avião) ou a situações sociais (ex., comer em público ou simplesmente estar num ambiente público como um shopping).

As fobias afectam todas as idades, todos os estratos sociais, estilos, países e culturas. O instituto americano de psiquiatria para a pesquisa e educação relatou que, 7,8% dos adultos americanos apresentavam fobias apresentando-se a fobia como a doença psiquiátrica mais comum nas mulheres de todas as idades e a segunda doença mais comum entre os homens com idade superior a 25 anos.

Quais os sintomas das fobias?

As fobias são reacções emocionais e físicas a objectos e situações temidas. Os sintomas de fobia incluem:

  • Sentimentos de pânico, ameaça, horror ou terror;
  • Reconhecimento de que o medo ultrapassa o limites considerados normais bem como a actual ameaça de perigo;
  • Reacções automáticas e incontroláveis que praticamente ultrapassam os pensamentos das pessoas;
  • Batimento cardíaco acelerado, diminuição do controlo da respiração, tremuras e um desejo oprimido de fugir à situação – todas as reacções físicas relacionadas com medo extremo;
  • Tomada de medidas extremas para evitar o contacto com objectos ou as situações temidas.

Quais as fobias que existem?

As fobias foram divididas em categorias segundo a causa para a reacção de evitamento.

Agorafobia:

A agorafobia é o medo de estar sozinho em qualquer lugar ou situação onde a pessoa tenha a sensação de não conseguir escapar e em que caso necessite de ajuda esta parece não ser viável. As pessoas com agorafobia evitam estar em pontes, ruas muito ocupadas ou lojas com muitas pessoas. Algumas pessoas com agorafobia ficam de tal forma afectadas que literalmente não saem de suas casas. Caso o façam, só o conseguem com sentimentos de grande aflição e na companhia de um amigo ou membro da família. As mulheres são mais afectadas, em dois terços dos casos. Os sintomas desenvolvem-se normalmente na adolescência e antes dos 30. O início das fobias pode ser gradual ou repentino. A maior parte das pessoas com agorafobia desenvolve a disfunção após ter sofrido de um ou mais ataques de pânico espontâneos – sentimentos de intenso terror oprimido acompanhados de sintomas tais como suar, dificuldades de respiração ou fraqueza. Estes ataques parecem ocorrer de forma aleatória e sem aviso prévio, tornando impossível para a pessoa prever que situação irá disparar este tipo de reacções. A imprevisibilidade dos ataques de pânico “treina” os indivíduos a antecipar o futuro dos ataques de pânico e como tal a ter medo de qualquer situação em que qualquer ataque possa ocorrer. Como resultado, estes indivíduos evitam um lugar ou uma situação onde anteriormente tenham vivenciado um ataque de pânico.

Fobia social:

A pessoa com fobia social tem medo de ser observada ou humilhada enquanto faz alguma actividade na presença dos outros. A actividade é muitas das vezes uma actividade mundana, tal como assinar um cheque ou comer uma refeição. A fobia social mais comum é a de falar em público. Algumas pessoas apresentam uma forma generalizada de fobia social, na qual tem medo e evitam interacções interpessoais. O que torna difícil para estas pessoas ir para o emprego ou para a escola ou até mesmo socializar. As fobias sociais desenvolvem-se normalmente depois da puberdade e no caso de não terem acesso ao tratamento podem-se prolongar por toda a vida.

Fobias específicas:

Tal como o próprio nome as indica, as fobias específicas surgem nas pessoas geralmente, como um medo irracional a um objecto ou situação específica. A incapacidade causada a uma pessoa com este tipo de fobia pode ser severa no caso de o objecto ou situação temida for comum ou normal. A fobia específica mais habitual na população geral é o medo de animais – em particular cães, cobras, insectos e ratos. Pode-se ainda acrescentar o medo de estar em espaços fechados (claustrofobia) e o medo das alturas (acrofobia). A maioria das fobias simples desenvolve-se na infância e eventualmente desaparecem. As que persistem até à idade adulta raramente desaparecem sem a ajuda de tratamento.

Existe tratamento para as fobias?

Qualquer tipo de fobia que interfira na vida diária de uma pessoa e que cause extrema inabilidade deve ser sujeita a tratamento. Com tratamento adequado a vasta maioria de pacientes com fobias pode ultrapassar completamente os seus medos e estar livre dos sintomas durante muitos anos, se não para toda a vida. Um especial relevo deve ser dado à utilização da terapia cognitivo – comportamental, medicação ou a combinação de ambas.

Na terapia comportamental, o paciente com fobias com a ajuda de um terapeuta comportamental e inserido num programa planeado, enfrenta o objecto ou situação temida e gradualmente vai aprendendo a forma de conseguir controlar as reacções de medo físicas e mentais. Pela confrontação do objecto de medo em substituição da evitação do mesmo, o fóbico perde o medo e terror que um dia já sentiu em relação a esse mesmo objecto ou situação.

A medicação é utilizada para controlar a experiência de pânico vivida durante a situação fóbica, bem como pela ansiedade causada pela antecipação da situação. Deste modo, é muitas vezes utilizada para tratar a fobia social e a agorafobia. A conjunção de ambos os métodos terapêuticos parece ser aquela que preconiza maiores taxas de sucesso.

Artigo proposto por: Ana Oliveira, Psicóloga Clínica, anaisabeloliveira@iol.pt