Novo blogue

Bem vindo ao novo blogue sobre Psicologia e Investigação! Submeta os seus textos em laralves@portugalmail.pt!
Proponha temas, esclareça dúvidas e participe!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Crianças e divórcio

Actualmente, um em cada dois casamentos termina em divórcio que muitas vezes envolve crianças. Alguns pais, embora preocupados com os seus próprios problemas nesta altura difícil, preocupam-se com o efeito que o divórcio poderá ter nos seus filhos.
Enquanto os pais podem ficar devastados ou, pelo contrário aliviados com o divórcio, as crianças, na maioria das vezes, ficam com medo e confusas pelo risco à sua segurança. Alguns pais ficam tão magoados com o processo de divórcio que podem virar-se para a criança na busca de conforto ou direcção. O divórcio pode ser mal interpretado pela criança a não ser que os pais lhe explique o que está a acontecer, de que modo eles estão envolvidos e o que poderá acontecer-lhes no futuro.
É comum que as crianças acreditarem que são a causa do conflito entre a mãe e o pai sendo que muitas assumem a responsabilidade de voltar a juntar os pais, às vezes sacrificando-se a eles próprios. A perda traumática de um ou dos dois pais no processo de divórcio pode originar uma maior vulnerabilidade para doenças físicas e mentais, no entanto, com carinho e atenção as forças familiares podem ser mobilizadas durante o divórcio e as crianças podem ser ajudadas a lidar construtivamente com a resolução do conflito dos pais.
Falar acerca do divórcio com as crianças é difícil. As próximas dicas podem ajudar pais e filhos a lidar com o stress desta penosa conversa:
  • Não mantenha o divórcio em segredo até ao último minuto
  • Conte ao mesmo tempo a todos os seus filhos
  • Mantenha a conversa simples e clara
  • Diga-lhes claramente que o divórcio não é culpa deles
  • Admita que esta situação vai ser triste e complicada para todos
  • Assegure às suas crianças que ainda as ama e que mesmo divorciados continuaram a ser os seus pais
  • Não discuta os problemas de casal com as crianças ou personifique culpas
Como pais devem estar atentos a sinais de ansiedade no seu filho ou filhos. As crianças mais novas podem reagir a um divórcio tornando-se mais agressivas, não cooperantes ou mais tímidas, outras crianças podem manifestar tristeza profunda e sentimentos de perda. O rendimento escolar poderá ser afectado e é comum um aumento de problemas de comportamento. Em adolescentes e adultos, filhos de divórcios podem manifestar dificuldades nos seus próprios relacionamentos e terem problemas de auto-estima.
As crianças iram reagir de um modo mais positivo se souberem que os seus pais continuaram envolvidos com eles embora o casamento tenha terminado e os pais já não viverem juntos. Disputas de custódias ou pressões para a criança “escolher” partidos podem ser particularmente prejudiciais para os mais novos e podem acrescentar novas vertentes psicopatológicas a todo o processo de divórcio. A investigação demonstra que as crianças reagem melhor ao divórcio quando os pais, mesmo divorciados, cooperam no sentido de escolher o melhor para a criança.
O incansável comprometimento dos pais para o bem-estar das crianças é vital. Se a criança mostra sinais de ansiedade ou má adaptação à situação de divórcio dos pais, o médico de família ou pediatra podem indicar um especialista na área que poderá realizar uma correcta avaliação e tratamento. Além disso o Psicólogo pode também encontrar-se com os pais de modo a ajuda-los a fazer do divorcio um processo mais fácil para toda a família. Psicoterapia para os filhos de um divórcio e para os pais divorciados pode ser uma grande ajuda.
Artigo proposto por: Lara Alves, Psicóloga Clínica, laralves@portugalmail.pt